Após atentado à igreja, ministro diz que França ‘está em guerra contra ideologia islâmica’

 O atentado, que matou 3 pessoas, foi feito por um tunisiano de 21 anos que tinha acabado de chegar à França.

O ministro do Interior francês, Gérard Darmanin, ao lado do premiê francês Jean Castex. (Foto: REUTERS / Gonzalo Fuentes)

O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse nesta sexta-feira (30) que "novos atentados na França são prováveis", no dia seguinte ao ataque que deixou três mortos na Basílica Notre-Dame em Nice, incluindo uma brasileira. De acordo com o ministro, o país está em guerra contra uma "ideologia islâmica".

O atentado deixou o país, que hoje inicia um rígido lockdown até o dia 1º de dezembro, em estado de choque. "Estamos em guerra contra um inimigo, interno e externo. Temos que entender que, infelizmente, haverá outros acontecimentos como esses atentados terríveis", declarou Darmanin à rádio RTL.

"Não estamos em guerra contra uma religião mas uma ideologia, a ideologia islâmica", frisou o ministro.

O presidente francês, Emmanuel Macron, reúne nesta sexta-feira (30) um conselho de Defesa para discutir a questão. O governo elevou nesta quinta-feira (29) o nível de alerta de risco de atentados para máximo.

A Justiça francesa confirmou a detenção para interrogatório, nesta quinta-feira, de um homem de 47 anos, suspeito de ter estado em contato com o autor do ataque, um tunisiano de 21 anos que tinha acabado de chegar à França. Ele ficou gravemente ferido e atualmente está hospitalizado. Segundo Jean-François Ricard, procurador da divisão antiterrorista, ele corre risco de morte.  De acordo com Ricard, depois do ataque, o autor avançou em direção aos policiais gritando "Allah Akbar" (Deus é grande, em árabe), que o neutralizaram a tiros.

Perto dele, foram encontrados um exemplar do Corão, dois telefones e a arma do crime, um facão de 30 centímetros com uma lâmina de 17 centímetros. O ataque deixou três mortos: duas das três vítimas foram degoladas. A brasileira Simone Barreto Silva, de 44 anos, foi ferida e conseguiu escapar, mas acabou morrendo em decorrência dos ferimentos, como divulgou, com exclusividade, a RFI Brasil.

Homenagens

Nesta sexta-feira, muitas pessoas colocaram flores e velas na frente da Basílica de Nice, em memória das vítimas. A igreja está fechada. Nesta quinta-feira, os jogadores do time OCG Nice também homenagearam as vítimas, observando alguns minutos de silêncio antes do início do jogo contra a equipe israelense de Hapoel Beer-Sheva.

Em visita à cidade nesta quinta-feira, Macron repetiu que a França "não cederá" e anunciou o reforço do plano de segurança Vigipirata, com 7 mil soldados patrulhando as ruas da França. Os dirigentes dos 27 países da União Europeia também condenaram o ataque e expressaram solidariedade à França.

"Apelamos aos dirigentes do mundo inteiro a agir pelo diálogo o entendimento entre as comunidades e religiões, em vez de as divisões", afirmaram, por comunicado.

Vários países muçulmanos, como a Turquia, a Arábia Saudita e o Irã enviaram suas condolências. O ataque acontece dias depois de as declarações de Macron após o assassinato do professor de história e geografia Samuel Paty, decapitado em um atentado, terem suscitado reações negativas no mundo muçulmano. O presidente francês defendeu a liberdade de expressão e disse que as caricaturas do profeta Maomé, publicadas no semanário Charlie Hebdo, deveriam continuar a ser divulgadas, inclusive nas salas de aulas.

Nesta segunda-feira (2), quando as escolas reabrirão no país, homenagens ao professor assassinado estão previstas em vários estabelecimentos – o que aumenta o temor de novos ataques no país.

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