Família cristã com oito menores consegue escapar do Afeganistão e recebe refúgio na Itália

Com ajuda da organização humanitária Fondazione Meet Human, os cristãos chegaram à Roma em segurança.

No sábado (21), a família chegou em Roma, com a ajuda da organização humanitária Fondazione Meet Human. (Foto: AFP).

Uma família cristã de Cabul conseguiu deixar o Afeganistão em segurança e recebeu refúgio na Itália, de acordo com o Asian News. A boa notícia é um relato emocionante, num cenário em que centenas de famílias lutam para escapar do país, após a retomada do grupo extremista Talibã ao poder.

No sábado (21), a família, cuja identidade permanece anônima, chegou em Roma, com a ajuda da organização humanitária Fondazione Meet Human. Após providenciar o refúgio na Itália, a Meet Human fez o transporte da família cristã para o Aeroporto Internacional de Cabul e com a ajuda dos militares italianos, eles embarcaram com segurança.

“Estamos gratos às autoridades civis e militares italianas por esta operação de resgate complicada e exigente, sem mencionar as muitas pessoas que trabalharam para seu sucesso.Pode ser uma gota no oceano, mas o oceano é feito de gotas”, afirmou Danielle Nembrini, a presidente da Fondazione Meet Human. 

Centenas de outras famílias cristãs estão batalhando para deixar o Afeganistão,mas enfrentam dificuldades logísticas e para conseguir asilo em outros países. Permanecendo escondidos, muitos cristãos temem ser descobertos pelo Talibã, antes que consigam uma oportunidade de sair do país.

“Estamos dizendo às pessoas para ficarem em suas casas porque sair agora é muito perigoso”, relatou um líder cristão no Afeganistão, ao International Christian Concern (ICC) na semana passada.

“Alguns cristãos conhecidos já estão recebendo telefonemas ameaçadores. Nessas ligações, pessoas desconhecidas dizem: 'Estamos vindo atrás de você'”, revelou o líder afegão.

Igreja underground

Segundo o ICC, a comunidade cristã no Afeganistão é formada quase totalmente por ex-muçulmanos, que deixaram o islã. Estima-se que existam entre 8 mil e 12 mil seguidores de Jesus, que permanecem escondidos, devido à extrema perseguição, a chamada “igreja underground” (subterrânea, em português).

Antes mesmo do Talibã retomar ao poder, o Afeganistão já era considerado um estado islâmico pela própria Constituição. Isso quer dizer que todas as outras religiões são vistas como estrangeiras ao país. As autoridades não permitem que qualquer afegão se torne cristão ou reconheça um convertido como tal. Conversões são vistas como apostasia.

Por esse motivo, os convertidos escondem a sua fé o máximo que podem. Se eles são descobertos, enfrentam discriminação e hostilidade (incluindo morte) pelas mãos das famílias, amigos e comunidade. 

Deixar o islamismo é considerado vergonhoso e os cristãos ex-muçulmanos enfrentam terríveis consequências se a nova fé for descoberta. A solução é fugir do país para não morrer.

O Afeganistão ocupa o segundo lugar na lista de países mais perseguidos de 2021, da Portas Abertas. Os cristãos afegãos vivem sob intensa pressão e sob ameaça de morte iminente.

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