Crianças são usadas como ferramentas em conflitos que assolam o país desde 2017
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Portas Abertas visita igreja de deslocados na região onde os ataques vêm acontecendo |
Desde janeiro, ao menos 120 crianças foram sequestradas por um grupo de guerrilheiros islâmicos em Moçambique, de acordo com a organização Human Rights Watch. Esses grupos começaram a espalhar a violência pelo país desde 2017.
A Human Rights Watch registrou uma série de ataques do grupo extremista al-Shabaab nas vilas de Mumu, Chibau, Ntotwe e Magaia, entre janeiro e maio de 2025. Das 120 crianças raptadas, apenas seis foram soltas até agora.
Aquelas que permanecem sob o poder do grupo provavelmente estão sendo usadas em trabalhos forçados, como carregar bens roubados e cuidar de plantações, além de serem vítimas de casamentos forçados.
Esse grupo insurgente, conhecido como al-Shabaab ou ISIS-M, é ligado ao Estado Islâmico e é uma organização diferente daquela presente na Somália com o mesmo nome. “Quando os grupos extremistas atacam as comunidades, priorizar os mais vulneráveis, como crianças e cristãos, é um objetivo primário. Esse padrão vem sendo mantido em Moçambique. O sequestro de crianças é um crime de guerra e cria um trauma devastador para toda a comunidade”, diz Yonas Dembele, um analista da Portas Abertas.
Uma guerra esquecida
Essa insurgência em Moçambique é uma das crises menos lembradas no mundo. Desde 2017, mais de seis mil pessoas foram mortas. Incidentes terríveis, como decapitação em massa, aconteceram com crianças e um pastor em 2021.
Em abril de 2025, um ataque na reserva ambiental de Niassa deslocou cerca de duas mil pessoas. Dez trabalhadores desse parque foram mortos. Niassa agora está sob controle militar, o que destruiu a economia local, que era baseada no turismo.
Membros das forças de segurança de Moçambique são acusados de violações dos direitos humanos contra os próprios cidadãos. Apesar da libertação de algumas das crianças sequestradas, os recursos para prestar suporte às vítimas praticamente não existem.
“O país precisa de uma estratégia para quando uma criança volta para casa”, diz Benilde Nhalivilo, do Fórum da Sociedade Civil pelos Direitos das Crianças em Moçambique. De Camarões à Somália, as comunidades lutam para reintegrar vítimas de sequestro dos grupos islâmicos.
Um recomeço difícil
Reféns soltos são vistos como não confiáveis. As pessoas têm medo de que eles possam voltar aos grupos terroristas ou sejam alvos de futuros ataques. Meninas também são vistas como contaminadas ou indignas de casamento.
“O governo de Moçambique precisa tomar ações concretas para proteger as crianças e prevenir que grupos armados as utilizem como ferramentas de conflito. É preciso garantir medidas de reintegração para que essas crianças não sejam deixadas de lado ao retornarem para suas comunidades”, diz Ashwanee Budoo-Scholz, da Human Rights Watch.
Esteja ao lado de quem precisa
A violência contra cristãos na África Subsaariana é sem precedentes. Fiéis são alvos de uma campanha para destruir a igreja. Líderes cristãos de toda a região clamam para que a igreja ao redor do mundo esteja ao seu lado em oração.