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| (Foto: Getty/iStock) |
Há um ditado que diz que uma brasa solitária se apaga, mas brasas amontoadas brilham intensamente. O mesmo pode ser dito da Igreja. Não fomos criados para o isolamento, mas para a interdependência. Desde os primórdios da criação, Deus declarou que não é bom que uma pessoa esteja só, e essa verdade ressoa por toda a história da redenção.
A vida cristã, em toda a sua plenitude, não é uma busca solitária – é uma jornada compartilhada – uma colaboração divina de graça, dom e amor.
Quando Paulo escreve que somos “um só corpo em Cristo, e individualmente membros uns dos outros” (Romanos 12:5), ele está revelando um profundo mistério. O Espírito Santo não simplesmente reúne uma multidão de indivíduos com a mesma mentalidade; Ele forma um organismo vivo.
Cada crente está unido a Cristo e, portanto, a todos os outros crentes, numa unidade espiritual que reflete a própria natureza de Deus: diversa, mas una.
A diversidade, longe de ser uma falha, é uma característica intencional do projeto de Deus e, quando acolhida, permite que a Igreja floresça por meio da coordenação. “O corpo não é formado de um só membro, mas de muitos… Deus dispôs os membros… como lhe aprouve” (1 Coríntios 12:14,18). Os olhos não podem dizer aos pés: “Não preciso de vocês”. Cada membro tem um papel a desempenhar e cada dom da graça contribui para o todo.
Quando o Espírito harmoniza nossas diferenças, o resultado não é competição, mas cooperação; não fragmentação, mas florescimento.
A unidade não é apenas um ideal moral, mas uma promessa divina. Porque Jesus vive em você e o une ao Seu povo, você nunca sentirá falta do que o corpo lhe proporciona. Onde você é fraco, a força do outro supre a sua necessidade; onde você é forte, a vulnerabilidade do outro desperta a sua compaixão. É assim que Cristo continua o Seu ministério através do Seu corpo hoje: através da vida em comunhão, do cuidado mútuo e do amor sacrificial.
Nenhum santo, por mais maduro que seja, pode sozinho manifestar toda a revelação de Jesus. É somente juntos — através de nossos diversos dons, personalidades e vocações — que vislumbramos a amplitude e a profundidade da beleza de Cristo.
Praticar essa unidade requer intenção e humildade. Cada crente é chamado a reconhecer e usar os dons que Deus lhe deu para o bem de todo o corpo, agradecendo pelo lugar que Deus lhe designou para servir.
Somos também convidados a reconhecer e valorizar os dons complementares dos outros, reconhecendo que sua sabedoria, compaixão ou habilidade prática podem suprir o que nos falta. A verdadeira comunhão se aprofunda quando oferecemos nossa força àqueles que precisam e, por sua vez, permitimos que outros nos apoiem onde somos fracos.
Ao carregarmos os fardos uns dos outros (Gálatas 6:2), incorporamos o amor de Cristo e nos tornamos expressões vivas de Sua graça.
O isolamento sufoca o crescimento espiritual. Em contrapartida, a interdependência canaliza a própria vida de Deus. Como Paulo escreve: “Dele todo o corpo, ajustado e unido por todos os ligamentos que o sustentam, cresce e edifica-se em amor, à medida que cada parte desempenha a sua função” (Efésios 4:16).
Quando os crentes vivem em genuína unidade, o mundo vê algo da ordem celestial irrompendo no caos da Terra. Nossa harmonia se torna um testemunho mais eloquente do que palavras. Jesus orou para que seus seguidores “sejam um… para que o mundo creia” (João 17:21). Numa época marcada pela divisão, pelo cinismo e pela solidão, o chamado da Igreja à unidade não é apenas atemporal, mas profético.
As brasas incandescentes da comunhão cristã nos lembram que o calor do amor de Deus arde com mais intensidade quando nos reunimos. Sozinhos, nossa fé pode vacilar; juntos, nos tornamos uma chama viva, radiante, resiliente e repleta do Espírito de Cristo, brilhando para um mundo que precisa do Seu amor.
