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| 24% da população geral da América Latina se identifica como "em sofrimento ou com dificuldades" em relação à sua saúde mental. Imagem de freepik |
Um estudo internacional mostra que a maioria dos líderes religiosos enfrenta solidão e esgotamento profissional. Especialistas alertam para uma crise silenciosa na saúde mental do clero.
Uma pesquisa internacional revela dados alarmantes sobre a saúde mental de pastores evangélicos. O estudo, intitulado "A Situação dos Pastores ", conduzido pelo Grupo Barna em parceria com a plataforma Gloo , indica que 56% dos líderes religiosos sofrem de depressão.
Os dados também mostram que 65% dos pastores relatam sentir-se sozinhos e isolados . Um em cada três corre o risco de sofrer de burnout, de acordo com uma pesquisa divulgada em junho nos Estados Unidos.
No Brasil, estima-se que cerca de 60% dos líderes religiosos enfrentem algum grau de depressão. Os dados foram compilados pelo pastor Júnior Martins , autor do livro A Batalha Silenciosa dos Pastores .
Testemunhos revelam uma realidade oculta. Especialistas em teologia pastoral têm chamado a atenção para o problema. César Motta Rios , em entrevista ao Guiame, afirmou que pastores não são heróis e sofrem de problemas de saúde mental.
Muitos pastores carregam esse fardo sozinhos. "A solidão é uma constante na liderança pastoral", disse um líder religioso que preferiu não ser identificado.
Outro pastor, falando anonimamente, disse: "As expectativas são altas e o apoio é limitado. Muitos de nós estamos à beira do colapso."
Pesquisa minuciosa sobre o tema
A World Vision International e o Barna Group Institute realizaram um estudo detalhado com pastores e suas comunidades. A pesquisa analisou perfis comportamentais, estresse pós-ministério, esgotamento profissional e relacionamentos.
Os resultados mostram padrões consistentes em diferentes regiões. Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, os pastores relatam trabalhar mais de 60 horas por semana.
Um pastor de uma comunidade em Jardim das Flores , na zona leste de São Paulo, Brasil, descreveu: "De domingo a domingo, estamos atendendo a demandas. Não há tempo para cuidar de nós mesmos."
Consequências e iniciativas
À luz desses dados, algumas denominações estão começando a implementar programas de apoio. Grupos de aconselhamento e apoio psicológico estão surgindo em diversas igrejas.
A questão está ganhando força nas redes sociais. Milhares de comentários discutem a saúde mental de funcionários do clero em fóruns especializados.
O pastor Junior Martins tem realizado conferências e workshops sobre o assunto. Sua iniciativa busca criar redes de apoio entre líderes religiosos.
