Do púlpito à prisão: a repressão sul-coreana contra pastores pode minar a liberdade religiosa no país

 


A esposa, os filhos e os netos do pastor Hyun-bo Son aguardavam ansiosamente sua primeira audiência no tribunal, quase dois meses após sua prisão em setembro. Eles estavam acompanhados por anciãos e membros de sua igreja, na esperança de um desfecho favorável.

As autoridades o detiveram, supostamente por acusações menores relacionadas à legislação eleitoral. Ele permanece preso, alegando risco de fuga e possibilidade de destruição de provas. 

Seu advogado, Tae-Kyu Kim, afirma que a acusação de violação da lei eleitoral é menor. Além disso, argumenta que o Pastor Son tinha o direito de entrevistar um candidato durante um culto religioso, o que não infringiu a lei. 

"Ele deve ter garantida a liberdade de expressão e a liberdade religiosa. É um valor fundamental para todos os seres humanos. E ele não deve permanecer preso enquanto o processo estiver em andamento", disse o advogado Kim. 

Do lado de fora do tribunal, apoiadores cristãos oraram e se reuniram durante a audiência, exigindo justiça. Eles questionaram a forma como o caso está sendo conduzido e se perguntaram por que ele não tem permissão para pagar fiança.

Embora a gravação de vídeo fosse proibida dentro do tribunal, a CBN News testemunhou o ocorrido.

Foi um momento emocionante para a família quando o Pastor Son foi trazido para dentro. Durante a sessão de 30 minutos, ele não se virou uma única vez para a família. Seu filho, Young-kwan Son, acredita que o pai não suportaria ser visto com roupas de presidiário. 

"Dói-nos ver o meu pai com uniforme de presidiário. A acusação continua a atrasar a apresentação das provas, e parece que isto nunca vai acabar, como se o juiz não se importasse nada", comentou Young-Kwan Son. 

Young-kwan Son acredita que existe uma agenda oculta por trás do processo contra seu pai. Ele destaca como o pastor mobilizou dois milhões de pessoas para se oporem à proposta de Lei Abrangente Antidiscriminação, que, segundo críticos, poderia criminalizar a pregação contra a homossexualidade e restringir a liberdade de expressão religiosa.

Ele acrescentou: "Meu pai é um pastor que se opôs à lei dos direitos dos homossexuais, incluindo a inclusão da agenda gay no currículo escolar. Eu não conseguia acreditar que ele estivesse na prisão por isso, sendo pastor."

Os anciãos da igreja do Pastor Son, a Igreja Segero, chegaram a raspar a cabeça em solidariedade.

O pastor associado, Bok-Yeon Kim, testemunhou: "Raspamos nossas cabeças para mostrar o quão sérios estamos em denunciar a injustiça e o mal que estão acontecendo. O pastor Son nos preparou para a possibilidade de sua prisão. Ele nos disse para não desanimarmos, mas para permanecermos focados em compartilhar o evangelho e manter a fé. Oro para que os pastores na Coreia despertem e se unam para proclamar e defender a verdade." 

Na segunda audiência, em 25 de novembro, os promotores pediram um ano de prisão para o Pastor Son — uma punição sem precedentes para a acusação. Eles alegam que ele "influenciou os fiéis e prejudicou a lisura das eleições".

O pastor Son respondeu: "Como pastor, não tive escolha a não ser me manifestar contra o candidato a superintendente de educação que promoveu o Projeto de Lei Abrangente Antidiscriminação e contra o presidente Lee Jae-Myung, que prometeu nomear minorias sexuais para 30% dos cargos governamentais. Meus comentários foram feitos durante o culto. Se este julgamento restringir a liberdade religiosa e a liberdade de expressão, será uma grande perda para esta nação."

Em 2 de dezembro, o presidente da República da Coreia, Lee Jae-Myung, ordenou aos ministros do gabinete que revisassem as supostas violações da separação entre Igreja e Estado, citando casos em que fundações religiosas interferiram na política. Ele também está considerando dissolver essas fundações religiosas — medidas que poderiam complicar ainda mais a libertação do pastor Son.

Para os aliados da República da Coreia — especialmente os Estados Unidos — esses acontecimentos suscitam sérias preocupações. A aliança EUA-Coreia do Sul está alicerçada não apenas na cooperação militar, mas também em valores democráticos compartilhados, incluindo a liberdade das comunidades religiosas de atuarem sem medo de represálias políticas.

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