Temos que perder o medo de ser 'ofendidos' pela verdade do Evangelho, diz autor

Tré Going-Phillips alertou que o cristão precisa estar disposto a se humilhar diante de Deus para depois descobrir seu próprio potencial.


Tré Going-Phillips alerta que é preciso se humilhar diante de Deus para descobrir seu potencial. (Foto: Getty Images)

"Assim como nossos músculos são fortalecidos quando esticados e rasgados, nossas ideias e crenças são reforçadas e expandidas quando são desafiadas, quando corremos o risco de sermos ofendidos". A afirmação do autor e editor cristão americano Tré Goins-Phillips surge como um interessante contraponto à cultura de hipersensibilidade que tem reinado na cultura pós-moderna atual.

Segundo o escritor, a total repulsa a qualquer tipo de ofensa não é mais uma exclusividade mundana, mas já tem sido absorvida também pelos cristãos. Porém essa absorção é contraposta diante de uma afirmação reforçada por Phillips.

"O evangelho em si é inatamente ofensivo. A ideia mais ofensiva que qualquer ser humano jamais encontrará é que ele ou ela não é, de fato, o autor de seu próprio destino - que um Deus maior e mais poderoso do que qualquer um de nós colocou em movimento um mundo que se inclina em direção a Ele, Seus interesses e Sua glória", explicou.

O escritor explicou que sua igreja tem estudado o livro de Jó e destacou o quanto tem sido confrontado por isso.

"No meio desta época da quaresma, minha igreja tem estudado o livro de Jó (Antigo Testamento). É um texto que acho infinitamente desafiador, talvez até às vezes ofensivo. Ofende minhas impressões conjuradas sobre Deus, minha humanização às vezes imprecisa sobre Criador. Mas é um livro que, no entanto, acho imensamente digno de estudo. Em outras palavras: acho que vale a pena arriscar ser ofendido", contou.

"As experiências que Jó vivenciou destacam o valor da ofensa. Visto como 'inocente' e um 'homem de completa integridade', Satanás estava convencido de que poderia persuadir o rico empresário a trair a Deus, se sua vida luxuosa e próspera fosse derrubada", acrescentou. "Certo de que ele permaneceria fiel à sua fé, Deus permitiu que Satanás essencialmente arruinasse a vida de Jó, contanto que não lhe tirasse sua vida. Você pode entender porque eu acho esse relato bíblico uma leitura tão desafiadora".
Phillips lembrou que Jó permaneceu fiel, mesmo quando não conseguia compreender o motivo pelo qual Deus estava permitindo que tanta desgraça recaísse sobre sua vida.

"Jó era fiel. Mesmo em sua ira e confusão sobre por que o Senhor permitiria tal destruição em sua vida, Jó permaneceu fiel a Deus. No pior de sua opressão - seu sucesso material foi eliminado, seus filhos morreram e seu corpo crivado de doenças - ele permaneceu ao lado de Deus", disse. "A conexão aqui é esta: porque Jó estava disposto a lutar, porque ele estava finalmente aberto à ideia de que a verdadeira natureza de Deus poderia ser uma afronta à sua sensibilidade e compreensões finitas, o Senhor o abençoou".
O autor então aplica a história de Jó como aprendizado, explicando que a humildade é a melhor arma contra a postura de vitimismo.

"Nós podemos aprender com Jó. Sua postura de humildade - a única maneira de realmente entrar em situações potencialmente ofensivas e desconfortáveis ​​- levou à sua restauração definitiva", lembrou.

"No final de sua jornada angustiante, Jó disse a Deus: 'Eu sei que você pode fazer qualquer coisa, e ninguém pode pará-lo. o Senhor perguntou: Quem é este que questiona minha sabedoria com tanta ignorância?. Sou eu - e estava falando sobre coisas de que não sabia nada, coisas maravilhosas demais para mim. Eu só tinha ouvido falar de você antes, mas agora eu te vi com meus próprios olhos', continuou ele. 'Eu retiro tudo o que eu disse e sento em pó e cinzas para mostrar meu arrependimento", explicou.

Phillips destacou que essa experiência mostrou a Jó o potencial de sua fé e de sua fidelidade.
"Somente quando estamos dispostos a nos sentir ofendidos na presença de Deus é que realmente percebemos nosso verdadeiro potencial, o papel íntimo que o criador do universo deseja que desempenhemos em sua maravilhosa história de redenção", afirmou.

"Meu desafio para você — e para mim mesmo — é deixar de lado o medo de ser ofendido. Vivemos em uma sociedade hipersensível em que a ofensa é um pecado a ser condenado. Mas acredito que seja uma oportunidade para ser abraçado", acrescentou. "Sim, nós seremos feridos, mas também seremos encorajados. Sim, ficaremos com raiva, mas também seremos iluminados. Sim, ficaremos desconfortáveis, mas também estaremos confiantes".

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