O agir incomum de Deus

Nesta Páscoa, além do plano da redenção, podemos ver os caminhos diferenciados de Deus por meio das experiências dos cristãos da Igreja Perseguida

Ao olhar para trás, Gyeong Ju Son vê a mão de Deus em todos os lugares (foto representativa)
“Os discípulos voltaram para casa. Maria, porém, ficou à entrada do sepulcro, chorando. Enquanto chorava, curvou-se para olhar dentro do sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. Eles lhe perguntaram: ‘Mulher, por que você está chorando?’ ‘Levaram embora o meu Senhor’, respondeu ela, ‘e não sei onde o puseram’. Nisso ela se voltou e viu Jesus ali, em pé, mas não o reconheceu. Disse ele: ‘Mulher, por que está chorando? Quem você está procurando?’ Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: ‘Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o levarei’. Jesus lhe disse: ‘Maria!’ Então, voltando-se para ele, Maria exclamou em aramaico: ‘Rabôni!’ (que significa Mestre). Jesus disse: ‘Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai. Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês’. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor!’ E contou o que ele lhe dissera.” João 20.10-18
Deus cumpre seus propósitos e promessas de formas incomuns. Em Isaías 55.8-9, ele deixa isso claro: “’Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos’, declara o Senhor. ‘Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos’”. Ele não trabalha de acordo com a nossa lógica ou linha de raciocínio. E isso fica claro com a ressurreição de Jesus naquele domingo de Páscoa.
Ron Boyd-MacMillan, colaborador da Portas Abertas, compartilha sobre uma vez, quando estava na cidade de Da Lat, no Vietnã. Era domingo de Páscoa e ele levantou bem cedo para dar uma volta pela vila. Passou por uma igreja e ouviu todo mundo rindo. Achou isso bastante incomum e pensou o que fazia todos rirem. Ele não estava habituado a isso. Além disso, era uma risada estranha. O líder da igreja dizia certas palavras e as pessoas riam de forma rítmica. Não saía de dentro, não era real, mas mesmo assim era alegre.
Depois do culto, ele perguntou o que tinha acontecido. O líder local não falava uma palavra em inglês, mas dizia repetidamente a mesma frase: “Risus Paschalis”. A frase está em latim e quer dizer, literalmente, “Riso de Páscoa”. MacMillan percebeu que ele pertencia a uma igreja em que, a cada Páscoa, realizavam um culto do “Riso de Páscoa”. Essa é uma teologia original do período patrístico que afirma que o inimigo foi enganado. Ele coloca Jesus na cruz e pensa: “É isso. Me livrei do filho do homem”. Mas, na verdade, o inimigo foi enganado. Deus o fez de tolo. Quando Cristo ressuscita, o inimigo percebe que foi enganado, ajudando no plano da expiação dos pecados. É por isso que vale a pena rir. Essa é a representação do Riso da Páscoa: perceber que Deus usa até mesmo o mal para tornar algo em bem.
A mão de Deus em todos os lugares
Isso também é percebido em testemunhos de cristãos perseguidos. No Terceiro Congresso de Lausanne sobre a Evangelização Mundial, na Cidade do Cabo, na África do Sul, em outubro de 2010, a norte-coreana, Gyeong Ju Son, compartilhou sua história de vida. No final do testemunho, ela contou que, ao ficar no consulado coreano em Pequim, esperando para ir para a Coreia do Sul, sua vida foi drasticamente transformada quando Deus apareceu a ela em sonho.
"Ele tinha lágrimas nos olhos. Caminhou em minha direção e perguntou: Gyeong Ju, quanto tempo vai me deixar esperando? Caminhe comigo. Sim, você perdeu seu pai terreno, mas eu sou o seu pai celeste e o que quer que tenha acontecido com você foi porque amo você." Orando a Deus pela primeira vez, ela lhe deu o coração, alma, mente e força, pedindo que fosse usada para fazer a vontade dele. Um profundo amor pelas pessoas perdidas na Coreia do Norte e a necessidade de levar o amor de Jesus a elas, tornou-se o propósito de vida para ela.
“Eu olho para trás e vejo a mão de Deus em todos os lugares. Seis anos na Coreia do Norte, 11 anos na China e agora na Coreia do Sul. Tudo o que sofri, toda tristeza e luto, tudo o que vivenciei e aprendi, quero entregar a Deus e usar minha vida para o seu reino. Dessa forma, espero também trazer honra a ele”, explicou.
Ainda estudante, a intenção da jovem e vibrante seguidora de Cristo era ir para a universidade a fim de estudar ciência política e diplomacia, e depois trabalhar nos direitos dos que não têm voz na Coreia do Norte. “Peço a vocês que orem para que a mesma luz da graça e misericórdia de Deus que alcançou meu pai e minha mãe, e agora me alcançou, possa brilhar em breve sobre o povo da Coreia do Norte”, concluiu.
Deus trabalha de formas incomuns. O inimigo não esperava ser usado no plano de redenção. Gyeong Ju Son não esperava dedicar sua vida a Deus, mas o fez após encontrar em sonho o Cristo ressurreto. Maria foi ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus, mas não o encontrou. Assustada ao ver a pedra removida, pensou que haviam roubado o corpo do amado mestre. E como Deus trabalha de formas incomuns, Maria jamais imaginaria que aquele homem que pensou ser o jardineiro fosse Cristo após a ressurreição. Quem imaginaria que a primeira pessoa com quem Jesus se encontraria após ter vencido a morte fosse uma mulher? Mas Deus trabalha de maneiras que muitas vezes não conseguimos entender.
Que nesta Páscoa, nossa busca não seja por entender o agir de Deus, mas que nossa mente seja renovada para sermos capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. E também para que, assim como Maria, após termos um encontro com o Cristo que venceu a morte, anunciemos que vimos o Senhor, compartilhando e vivendo de forma prática o que ele nos ensinou. Faça a diferença na vida de cristãos que foram vítimas dos ataques no domingo de Páscoa em 2019 no Sri Lanka. Seja #UmComEles.

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