Cristãos se desvinculam da Igreja da Noruega e investem em casas de oração

Após a Igreja da Noruega adotar um posicionamento favorável ao casamento gay, a denominação luterana passou a perder muitos membros.


Muitas pessoas têm deixado a Igreja da Noruega para seguir movimentos independentes. (Foto: Marius Hatlem)


 Cinco casas de oração entraram processo de construção ou ampliação ao longo da costa sul e sudoeste da Noruega. Algumas das obras devem ser concluídas ainda 2020 e outras em 2021.

Grupos locais de cristãos estão investindo massivamente em edifícios, onde são livres para observar sua fé em seus próprios termos, independentemente da Igreja da Noruega, na terminologia cotidiana conhecida como "a igreja estatal", embora o vínculo com o Estado tenha sido oficialmente cortado.

Pelo menos 10 milhões de euros — cerca de 100 milhões de coroas norueguesas — estão sendo gastos para garantir instalações maiores e modernas, onde cristãos luteranos possam se reunir para comunhão.

Afastamento

Quase 70 por cento da população da Noruega, ou cerca de 3,7 milhões de pessoas, são membros da Igreja da Noruega. Embora seja uma denominação evangélica luterana, uma porção substancial de seus membros mais devotados se distanciaram da estrutura formal da igreja por um século e meio.

Nas últimas duas décadas, o fosso entre as diferentes organizações luteranas pietistas conservadoras e a igreja tem se aprofundado devido ao desenvolvimento teológico cada vez mais liberal da antiga igreja estatal.

Normalmente, o movimento das casas de oração luteranas da igreja baixa discorda da igreja estatal, quanto à aceitação de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Quando a estatal adotou um posicionamento a favor da prática, isso fez com que milhares desistissem de ser membros da Igreja da Noruega na última década. Em vez disso, muitos se juntaram a denominações luteranas alternativas que foram formadas sob a égide das organizações leigas luteranas livres.

Muitos desses ex-membros da igreja que participam das reuniões em casas de oração, onde congregações semelhantes a igrejas têm se formado e estão prestes a se tornar uma substituição em grande escala da antiga vida da igreja estatal que muitos deixaram para trás.

O dinheiro gasto em casas de oração novas e maiores deve ser visto como parte desse desenvolvimento.

O Movimento pietista

O movimento das casas de oração tem suas raízes históricas no pietismo do século 19, que resultou na formação de uma variedade de organizações de leigos luteranos na Noruega, como Indremisjonsselskapet (agora chamada Normisjon) e Indremisjonsforbundet (ImF) e também várias organizações de missões estrangeiras.

O pietismo se originou na Alemanha e se espalhou para outras partes da Europa de língua alemã e para o Báltico e a Escandinávia. Deixou uma marca permanente em países como a Noruega, onde uma figura particularmente se destaca como o pai do movimento norueguês das casas de oração, Hans Nielsen Hauge (1771-1824).

Hauge e seu ensino ainda são muito influentes dentro do movimento, especialmente nas partes do sul e do sudoeste do país, muitas vezes chamadas de ‘The Bible Belt’ (‘O Cinturão Bíblico’).

Em outros países do norte da Europa, figuras semelhantes como, Carl Olof Rosenius (Suécia), Katarina Asplund (Finlândia) e Barbara von Krüdener (no Báltico) são proeminentes nomes do movimento.

O pietismo foi originalmente um movimento dentro do luteranismo com ênfase na doutrina bíblica e na piedade individual. Isso impactou o protestantismo em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos.

Sem surpresas

O cientista Olaf Aagedal do Instituto KIFO para Pesquisa da Igreja, Religião e Visão de Mundo na capital norueguesa Oslo, tem pesquisado o desenvolvimento do movimento dos leigos por décadas. Ele vê os investimentos em novas casas de oração como parte de uma tendência mais longa.

"Não estou surpreso. Há muito tempo vimos pequenas casas de oração sendo fechadas ou vendidas ou terminando com muito pouca atividade, enquanto casas de oração maiores foram construídas nas cidades e comunidades maiores", disse Aagedal à ‘Christian Press Agency’ (KPK).

Ele acha que os investimentos que estão sendo feitos neste momento seguem o mesmo padrão.

“O que aumenta este desenvolvimento é o fato de que a relação entre o ImF e a Igreja da Noruega está mais tensa do que antes. O desenvolvimento está indo para as congregações do ImF, que oferecem batismo e confirmação, e isso contribui para o crescimento dentro do movimento das casas de oração”, diz Aagedal.

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