O mundo esqueceu de Leah Sharibu?

Após três anos do sequestro, a família da jovem cristã continua buscando por notícias e justiça

Após três anos de sequestro, as autoridades da Nigéria não têm respostas sobre o paradeiro de Leah

No dia 19 de fevereiro de 2018, algo aconteceu em Dapchi, uma cidade ao norte da Nigéria. Extremistas do Boko Haram, que haviam sequestrado cerca de 300 garotas de uma escola em Chibok, também atacaram e sequestraram mais de 100 estudantes no território.

Um mês depois, todas, menos uma das sobreviventes, foram libertadas. A jovem Leah Sharibu se recusou a se converter ao islã, então permaneceu mantida em cativeiro. Desde então, ela passou os aniversários de 15, 16 e 17 anos em cativeiro. Em 14 de maio, a jovem fará 18 anos e a família continua sem notícias sobre o paradeiro dela e qualquer progresso na libertação. 

As autoridades da Nigéria esqueceram de Leah?

O silêncio do governo nigeriano sobre os esforços para garantir a libertação de Leah – ou qualquer progresso nesse sentido – faz os familiares e amigos se questionarem se a causa da garota cristã foi esquecida. Durante uma visita aos Estados Unidos em abril do ano do sequestro, o presidente Muhammadu Buhari prometeu a liberdade da jovem. Em agosto, através de um vídeo, a jovem pediu para que Buhari lutasse pela libertação dela. Mas apenas em outubro, o presidente entrou em contato com a família Sharibu.

Em 2019, houve algumas garantias de funcionários do governo de negociações contínuas. Mas um vídeo que circulou em julho mostrou a auxiliar, Grace Taku, pedindo ao governo para garantir a liberdade dela. Além disso, ela afirmou que Leah havia sido morta. Porém, no final de agosto, a presidência nigeriana confirmou que Leah ainda estava viva e que eles continuariam as negociações para sua libertação.

Em dezembro de 2020, o diretor de informação da Sede de Defesa da Nigéria, major-general John Enenche, disse em entrevista à imprensa que não estava ciente de qualquer negociação para a libertação de Leah, causando preocupação mais uma vez. No entanto, ele notou que a negociação poderia estar acontecendo entre autoridades de escalão mais elevado. 

Um amigo da família, o reverendo Gideon Para-Mallam disse à Portas Abertas em uma entrevista: “Acho que é seguro dizer que Leah está viva. Mas o silêncio dos sequestradores e do governo federal não é bom. De fato, nenhuma notícia oficial saiu sobre Leah no ano passado, nem de seus sequestradores, nem do governo federal da Nigéria. O silêncio é preocupante. Os pais merecem ser informados pelo governo, pelo menos secretamente. Mas nós não estamos recebendo nada disso”. 

Resposta à oração

Em meio ao silêncio ensurdecedor, o último ano tem sido angustiante para o pai Nathan, a mãe Rebecca e o irmão Donald. Mas por mais difícil que tenha sido, há razão para agradecer ao Senhor pela oração respondida. Essa família não desistiu da esperança de se reunir com sua Leah novamente um dia.

“Pelo que vejo, eles continuam esperançosos de que Leah estará de volta. O que eu quero destacar é que toda essa experiência não abalou a fé deles. Estou muito feliz com isso, porque temos orado constantemente e trabalhado para que isso não aconteça. Precisamos defendê-los em oração, para que se mantenham firmes. É um milagre que Deus esteja sustentando Leah, Nathan, Rebecca, Donald e o restante da família. Esse também é um ponto de oração muito importante, para que Deus lhes dê coragem para continuar a ter esperança nele”, revela o pastor Para-Mallam.

Ainda existem muitas outras Leahs

Leah é uma jovem inspiradora e uma representação de outros milhares que compartilham o mesmo destino. O Boko Haram lutou no último ano com ataques de diferentes tipos. O grupo ainda conseguiu manter muitas pessoas em cativeiro. Nem mesmo a pandemia da COVID-19 foi capaz de conter os ataques.

“Em dezembro, pouco antes do Natal, eles sequestraram 70 pessoas e mataram mais de outras 50. E então, novamente, na véspera de Natal, eles foram para várias aldeias na área de Garkida, no estado de Adamawa, e sequestraram mais cristãos. Também sabemos sobre um ataque do Boko Haram em uma fazenda de arroz em que mataram pouco mais de cem pessoas. Então, apesar das ofensivas militares contra eles, o Boko Haram ainda consegue causar estragos”, compartilha o líder cristão. 

Leah não foi esquecida!

A Portas Abertas continua prestando apoio e solidariedade à família de Leah. Tanto que em uma de nossas ações, promovemos uma campanha de envio de cartas em apoio à família Sharibu. O pastor porta-voz dos cristãos reconhece que agora não é o momento de parar: “É uma luta enorme que precisamos continuar até que todos os prisioneiros sejam libertados. Deus continuará dando graça a todos, para que realizem o trabalho e encontrem a jovem”.

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