Espião é enviado pela Coreia do Norte para vigiar cristãos, mas acaba se convertendo

No leito de morte, o homem se arrependeu de ter sido espião da Coreia do Norte e recebeu a salvação em Jesus.

Desde 2002, a Coreia do Norte é classificada como o país que mais persegue cristãos no mundo. (Foto: Portas Abertas)

Debaixo da dinastia Kim por quase 70 anos, o povo da Coreia do Norte se acostumou a viver sem liberdade de expressão, religião e até de pensamento. Mas há outro governo muito maior do que o de Kim Jong-un, que tem alcançado até os corações mais resistentes.
Kim Sang-Hwa (nome fictício por razões de segurança) é uma desertora da Coreia do Norte e lembra que as reuniões secretas entre cristãos também era composta de espiões, que fingiam ter a mesma fé.

“Às vezes, meu pai encontrava pessoas em um local secreto. Muitos filhos de crentes também iam àquele local e aprendiam a Bíblia. Orávamos juntos”, disse ela à Portas Abertas dos EUA. “Entre as pessoas que visitavam as reuniões secretas também havia alguns não crentes, até mesmo espiões”.

Um dos homens que espionava o grupo de cristãos se arrependeu e revelou sua verdadeira identidade ao pai de Sang-Hwa, no leito de morte. “Ele confessou: ‘Sei tudo sobre você, sua família e sua fé. Eu era um espião e recebi ordem de vigiá-lo’”, relata.

“‘E?’, meu pai perguntou. ‘Você é um bom homem. Nunca disse a ninguém que você era cristão. Me diga como posso me tornar um cristão também’”, continua Sang-Hwa. “Nos momentos finais de sua vida, este homem se arrependeu e entrou no Reino de Deus. Meu pai conseguiu conduzi-lo até lá”.

Sang-Hwa não sabia da fé de seus pais, até descobri-las acidentalmente. Aos 12 anos, ela encontrou uma Bíblia escondida no armário e começou a ler. Anos antes, ela já havia pego seus pais ouvindo uma rádio cristã no meio da noite.

“Minha descoberta pode custar minha vida”, lembra Sang-Hwa, que começou a pensar em suas opções. “Devo contar ao meu professor? Devo visitar o oficial de segurança? Por quinze dias não consegui pensar em mais nada. Eu sabia que era meu dever denunciar este livro ilegal — e meus pais. Mas era minha família que estava envolvida. E eu também me perguntava: ‘Quem é esse Deus?’”

Finalmente, Sang-Hwa teve a coragem de perguntar ao seu pai. “Ele ficou muito surpreso e sentou-se ao meu lado. Ele me perguntou: ‘Você vê aquelas árvores?’ Eu concordei. ‘Quem fez isso?’ Eu disse que não sabia e ele me explicou a história da criação, incluindo como Deus fez Adão e Eva”, relata.

Sua mãe a ensinou a memorizar versículos da Bíblia e também explicou o Evangelho. Seu avô a mostrou como orar e falou sobre a segunda vinda de Jesus. 

“Para mim, todas essas histórias e ideias eram muito interessantes. Eu também lia a Bíblia por conta própria, mas percebi que era perigoso”, conta Sang-Hwa. “Meu pai sempre enfatizou para não compartilhar nada com ninguém. Então ele começava a orar em sussurros, quase inaudível: ‘Pai, ajude o povo norte-coreano a buscar o seu Reino em primeiro lugar’”.

Provisão de Deus

Anos mais tarde, Sang-Hwa se casou e construiu sua família, enquanto ficava cada vez mais descontente com o sistema norte-coreano. Ela conta que, “de cada três pessoas, pelo menos uma era espiã” e muitos rotulavam sua família como “seguidores do capitalismo”, por terem conseguido uma condição financeira melhor através da profissão de seu pai.

Temendo pela segurança da família, Sang-Hwa e seu marido deixaram seu filho de 2 anos com seus pais e fugiram da Coreia do Norte em 2000, cruzando o rio da fronteira com a China.

“Aquele primeiro ano na China foi provavelmente o mais difícil, mas também houve coisas boas. Em algum momento, os cristãos chineses cuidaram de nós e meu marido também entregou sua vida a Jesus. Depois de um ano, pudemos pagar a um corretor para trazer nosso filho da Coreia do Norte para nós”, conta Sang-Hwa.

Anos depois, a família foi para a Coreia do Sul, onde vivem agora. No entanto, Sang-Hwa ainda tem o desejo de voltar para contar as Boas Novas ao seu povo. “Há muito mais liberdade aqui no Sul, mas gostaria de poder voltar à Coreia do Norte e compartilhar o Evangelho com as pessoas de lá e ter comunhão com os crentes locais”, revela.

“Eu amo a fé deles. Eu estaria pronta para morrer pelo Evangelho. Se eu não tivesse família aqui na Coreia do Sul, já teria voltado para ajudar os necessitados”, conta.

Sang-Hwa, muitas vezes, lida com um misto de emoções. Ao mesmo tempo que se enche de fé quando ora diante do mapa da Coreia do Norte, fica desanimada quando percebe que nada tem mudado naquele país.

“Quando oro, muitas vezes pergunto a Deus: ‘Qual é o ponto? Por que o Senhor quer que eu continue orando pela Coreia do Norte?’ Mas então Deus me lembra: ‘Você conhece a Coreia do Norte melhor do que ninguém. Você conhece as pessoas e seu sofrimento. Se você não orar, quem vai? Confie em mim. Creia em mim’”.

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