O grupo havia sido sequestrado por assaltantes armados da etnia Fulani em maio, junto com outros 40 membros da congregação.
A Nigéria vive uma onda de sequestros contra cristãos. (Foto: Imagem ilustrativa/International Christian Concern). |
Dezesseis membros da Igreja Batista Bege, localizada em Chikun, no estado nigeriano de Kaduna, foram libertados no dia 4 de junho, após passarem quase um mês em cativeiro.
O grupo foi sequestrado em 7 de maio junto com cerca de 40 membros da congregação por assaltantes armados da etnia Fulani, em um ataque durante o culto de domingo.
A maioria conseguiu escapar, no entanto, dezesseis deles continuaram em poder dos sequestradores.
Segundo relatou o reverendo Joseph John Hayan, presidente da Associação Cristã da Nigéria (CAN), em entrevista à CSW, alguns membros da comunidade muçulmana local contribuíram financeiramente para o resgate do grupo. Eles também compraram uma motocicleta para os sequestradores, pedida como parte do pagamento.
“Eu confirmo e agradeço que todos os 16 estão agora de volta para casa. Somos gratos aos muçulmanos locais que contribuíram para o resgate e oramos para que, a partir de agora, as duas comunidades religiosas trabalhem juntas para acabar com esta era dolorosa de sequestros, violência e assassinatos”, disse o reverendo.
Dominação política
A notícia da cooperação entre as duas comunidades religiosas ocorre em meio a um vídeo viral em que o ex-governador do estado de Kaduna, Nasir el-Rufai, faz declarações que têm gerado preocupação.
No vídeo, el-Rufai expressa satisfação por ter assegurado a dominação contínua dos muçulmanos em setores políticos importantes no estado de Kaduna, por meio da formação de uma chapa governamental composta por muçulmanos em 2019, e posteriormente na Nigéria, por meio da formação de uma chapa presidencial muçulmana.
Falando em Hausa, El-Rufai admitiu que durante a campanha eleitoral de 2023 havia garantido aos membros da comunidade cristã que a APC havia procurado “pessoas que trabalhariam e que não consideramos religião. É claro que consideramos a religião”, continuou ele, “mas eu não diria a eles que consideramos a religião (abertamente).”
O sul de Kaduna, predominantemente cristão, experimentou um aumento significativo de ataques armados durante os oito anos de El-Rufai no cargo, com milhares de mortos, outros milhares de deslocados e centenas de aldeias destruídas, ocupadas por milícias ou perigosas demais para se aproximar.
Os criminosos e responsáveis por essas violências raramente eram presos ou levados a julgamento, durante o mandato do ex-governador.
El-Rufai tem sido fortemente criticado por supostamente favorecer os muçulmanos na alocação de recursos estatais para projetos de capital e oportunidades de emprego.
Para o presidente fundador da CSW, Mervyn Thomas, a libertação dos sequestrados é motivo de comemoração:
“A CSW saúda a libertação dos 16 membros restantes da Igreja Batista Bege e desejamos a eles e suas famílias e comunidade uma rápida recuperação desta provação traumática”.