Missionários do Brasil, Canadá e EUA constroem igreja em comunidade ribeirinha

Ação ajudou na construção de uma igreja e na prestação de serviços de saúde, para atendimento médico e odontológico gratuito.

Missionários servem na construção de uma igreja na Comunidade de Arapiranga. (Foto: Brendan Wong)

trabalho missionário tem sido não apenas o ponto focal da Paz Church, mas também a razão de sua existência. Desde a década de 1950, os pioneiros missionários da denominação têm se dedicado a plantar igrejas no norte brasileiro e a prestar assistência social e médica às comunidades ribeirinhas no Pará.

Na ação missionária mais recente, realizada no município de Santarém, a Paz Church, que lidera os trabalhos locais, reuniu voluntários do Brasil, Canadá e EUA para a construção de uma igreja e prestação de serviços de saúde, para atendimento médico e odontológico gratuito à população, por meio de clínicas temporárias.

Em entrevista ao Guiame, Rebecca Hrubik falou sobre a “raiz” do trabalho missionário realizado por sua Igreja, a Paz, e a atual ação no local.

Casada com Jeffrey Paul Hrubik, conhecido como Pr. Paulo Jeff, o casal é líder da Paz International, que coordena diversas ações dentro e fora do Brasil. Toda a família é missionária, espírito herdado dos pais de Rebecca, o Pr. Melvin Edward Huber e sua esposa Katherine Louise.

“[Meus pais vieram] em fevereiro de 1956, quando eu tinha quase 2 meses de idade. Então, fui criada aqui [no Brasil] como filha de missionários”, contou.

Depois, ela conta, foi estudar nos EUA, como todos os seus seis irmãos. Lá Rebecca fez teologia e depois enfermagem. Assim que se casou com o Paulo, vieram para o Brasil como missionários, em março de 1982. O casal tem quatro filhos, todos missionários, inclusive no Japão.

“Nós chegamos no Brasil como missionários, há 42 anos, a chamado do meu irmão, pastor Lucas, já falecido, que veio aqui para a Amazônia”, conta.

Missão ribeirinha

A missão atual na Comunidade de Arapiranga, em Santarém, contou com o apoio de seis missionários canadenses, entre eles Brendan Wong e sua esposa Chantal, que falaram da experiência no Brasil.

“A nossa experiência com os ribeirinhos foi absolutamente incrível. As pessoas nessas comunidades ribeirinhas são sempre muito simpáticas, acolhedoras e entusiasmadas por estarmos lá. Nossa equipe de construção trabalhou ao lado de muitos homens e mulheres locais para ajudá-los a construir sua igreja”, disse Brendan.

“Nossa equipe de missionários brasileiros, vários missionários de longo prazo dos EUA e Canadá e seis missionários de curto prazo da Igreja Willingdon no Canadá ficaram todos muito impressionados com sua excelente ética de trabalho, suas habilidades, talentos e criatividade quando se tratava de consertar algo ou resolver um problema”.

E continuou: “Tivemos o privilégio de participar de um grupo de convivência com alguns jovens locais enquanto estávamos em Arapiranga. Eles disseram que foi a primeira vez que visitantes de fora da sua comunidade se juntaram ao seu grupo de célula! Foi uma bênção ver jovens liderando uns aos outros e crescendo juntos na palavra de Deus em um lugar que é tão remoto, mas tão visivelmente cheio do amor de Deus!”

A brasileira Thawanna Thammirys Rosa, uma publicitária de 31 anos, da Paz Church Florianópolis, em Santa Catarina, também participou da ação em Santarém. E relatou:

“Servir na comunidade de Arapiranga foi uma experiência muito rica. Auxiliar na logística para que o atendimento de saúde acontecesse no local foi gratificante”.

“Saber que pude fazer a diferença servindo o meu próximo e levando o amor de Jesus é sempre o melhor de cada viagem missionária”, atestou Thawanna, que também atuou como tradutora para as equipes estrangeiras.

Sobre as águas

O missionário canadense também detalhou o trabalho realizado na comunidade: “Os barcos da Paz International estão sempre cheios de pessoas prontas para servir ao Senhor. Conseguimos oferecer a esta comunidade três dias de consultas médicas que incluíram uma enfermeira, uma psicóloga, uma fisioterapeuta e um dentista”.

Brendan diz que “a equipe de construção trabalhou duro para ajudar no avanço da construção da igreja.”

Além disso, ele explica, “a equipe do ministério infantil ofereceu atividades e um programa para as crianças enquanto seus pais aguardavam as consultas médicas ou ajudavam na construção.”

“Foi organizada uma tarde especial para as mulheres e meninas da comunidade para distribuição gratuita de kits menstruais reutilizáveis e outros itens de higiene. Foi uma semana movimentada, difícil, cansativa e maravilhosa, junto com pessoas que sempre terão um lugar especial em nossos corações”, concluiu Brendan.

Espírito aventureiro

Rebecca contou que a ideia do trabalho missionário na região Norte do Brasil nasceu do espírito aventureiro de seu falecido irmão Lucas Huber.

“Meu irmão mais velho, Lucas, era muito aventureiro e amava muito caçar e pescar. Então ele sonhava em ser um missionário na Amazônia. Depois de casado, ele voltou para o Brasil, ajudou meus pais por um tempo em Goiás e depois eles vieram para Santarém, em dezembro de 1976”, explica a pastora, de 68 anos.

“Depois que eles se mudaram para cá, ele estava fazendo umas viagens de pesquisa pelas comunidades ribeirinhas e viu comunidade após comunidades sem nenhuma igreja evangélica. Então ele convidou o restante da família para ajudá-lo aqui”.

Rebecca e Paulo ainda moravam nos Estados Unidos. Ela conta que sentiu que Deus a queria como enfermeira missionária, e então seu irmão Lucas disse que o trabalho na área de saúde seria muito importante para abrir as portas daquelas comunidades, pois eles seriam mais receptíveis ao Evangelho, já que o alvo era plantar igrejas locais.

Plantando igrejas

Segundo a pastora, o objetivo principal da ação missionária na Comunidade Arapiranga envolve a construção de uma igreja, além da assistência aos ribeirinhos.

“Nós temos os obreiros missionários brasileiros, que moram nas comunidades ribeirinhas e estão então plantando igrejas, para abrir uma comunidade para o Evangelho”, explica.

“Nós entramos com apoio na área da saúde para também suprir essa necessidade deles”, conta. “E nós começamos com isso há 42 anos”.

Ela diz ainda que agora já tem um posto de saúde e ambulâncias que levam as pessoas até o helicóptero do governo, que as busca em casos de emergência.

Junto com a ajuda à população, a pastora conta que há o trabalho de evangelização. “Nosso alvo e chamado é plantar igrejas, é fazer discípulos de todas as nações”.

Eles também realizam células para a pregação do Evangelho, chamadas de Life Group (Grupo de Vida). “Com isso, começamos a consolidar as pessoas e temos sempre um obreiro que volta na casa de alguém que fez a decisão por Jesus, e que deseja ser o anfitrião de uma célula”, pontua.

Missão compartilhada

Avó de doze netos e o décimo terceiro a caminho, a Pra. Rebecca diz que as equipes do exterior, os missionários de curto prazo na Amazônia (quem vêm por um período de dias ou semans), custeiam sua própria viagem.

“Nós preparamos tudo, a equipe vem e cada um contribui e cobre as suas próprias despesas, todos os voos, a estadia... Eles cobrem tudo ali, e geralmente até trazem uma boa oferta para ajudar também na própria construção do prédio”.

“Nós temos uma pessoa responsável, o Joaquim, que coordena os trabalhos da construção. Ele tem todos os profissionais, os pedreiros, que são da própria comunidade”.

Mas também tem as pessoas comuns, que ajudam, por exemplo tirando areia, carregando pedras e fazendo escavações necessárias.

“Além dos profissionais, nós disponibilizamos os tijolos, o ferro, o cimento, as telhas e as equipes do exterior, que vêm e nos ajuda nessa construção”, diz.

A pastora explica que a comunidade local também é envolvida nos trabalhos, com fornecimento de mão de obra, por exemplo. São eles, junto com a equipe de Santarém, onde fica a base da Paz Church para ação missionária, que preparam o alicerce, levantam as paredes e deixam tudo pronto para a colocação do telhado, do piso de cimento e a parte elétrica para que o prédio possa ser usado.

“É um tempo de muita alegria”, diz a pra. Rebecca. “Todo mundo trabalhando junto. Para nós tem sido um tempo muito bom, aproveitando as equipes que vêm do exterior, pois eles trabalham e se sentem realmente úteis por estarem nos ajudando”.

Sem barreiras

Ela diz que nem o idioma impede a comunhão e o propósito do grupo.

“Não há a barreira da língua, é como se eles estivessem saindo de casa e evangelizando, apenas precisando de um tradutor e não sabendo a cultura; assim eles estão trabalhando com as pessoas da comunidade, todo mundo junto, trabalhando em prol de um projeto que é a construção do prédio da igreja”.

E finaliza: “Tem sido um tempo muito bom para nós, quando essas equipes vêm e nos ajudam nas construções. É um tempo que também traz muito benefício para eles, porque eles serão abençoados por fazer um trabalho missionário em curto prazo, onde eles estão conhecendo as pessoas da comunidade, conhecendo uma cultura nova, uma língua nova e estão lá trabalhando juntos em prol do Reino para Jesus.”

O trabalho, que está a todo vapor missionário, deve ser concluído no final deste ano.

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