Países que perseguem a Igreja: como vivem os cristãos no Quênia

Ameaçados pelos próprios familiares e expulsos de suas aldeias, cristãos quenianos permanecem firmes na fé.


Os cristãos das ilhas da África Oriental vivem sob enorme pressão da maioria muçulmana. (Foto: Portas Abertas)


 POPULAÇÃO: 53,4 milhões

CRISTÃOS: 43,9 milhões
RELIGIÃO: Cristianismo, islamismo, tradicionalismo
GOVERNO: República presidencialista
LÍDER: Uhuru Kenyatta
POSIÇÃO: 49º na Lista Mundial da Perseguição

Embora o cristianismo seja a religião majoritária no Quênia, isso não impediu que a perseguição se propagasse por lá. Nas regiões nordeste e costeira, os cristãos são ameaçados até pelos próprios familiares. Há relatos de cristãos que foram expulsos de suas aldeias pelo grupo extremista Al-Shabaab.

Funcionários da área de segurança, muitas vezes, são corruptos e se envolvem com o crime organizado, e não tomam medidas contra os perseguidores, deixando os cristãos vulneráveis. Seguir a Cristo, no Quênia, é viver sob pressão constante, tendo de suportar a opressão islâmica e a hostilidade étnico-religiosa.

 

Áreas mais atacadas

Os pontos quentes para ataques do Al-Shabaab incluem Mombaça, Mandera, Garissa, Wajir, Lamu e Rio Tana. Nessas áreas, muitos informantes locais ajudam na organização de ataques a igrejas e cristãos. Como resultado, muitos seguidores de Cristo optaram por se mudar dessas áreas para o Centro do país. 

 

Situação das mulheres cristãs quenianas

As mulheres cristãs relatam que devem ter cuidado para não serem enganadas e estupradas por membros da comunidade muçulmana. Muitas delas recebem contraceptivos para que sejam estupradas repetidamente sem engravidar. Apenas aquelas que se convertem ao islamismo e se casam com comandantes podem ter filhos. 

Foi constatado também que o Al-Shabaab as ameaçam de morte simplesmente por causa de sua fé. As ex-muçulmanas casadas correm o risco de terem a custódia dos filhos negada. No entanto, isso acontece menos se o nível de renda e educação da mulher for alto o suficiente para evitar essa situação.

Por causa das práticas culturais em algumas tribos, as cristãs que se negam a participar de ritos fúnebres, casamento precoce e poligamia, correm alto risco de perseguição. E as professoras cristãs em áreas dominadas pelo islã reclamam de assédio sexual constante por parte dos estudantes muçulmanos. Nas regiões do Norte, mulheres e meninas cristãs enfrentam mais casos de abuso verbal e rejeição social.

 

Meninos e homens cristãos enfrentam agressões físicas

Na região nordeste, em particular, cristãos do sexo masculino, são frequentemente agredidos e até executados pelas mãos dos militantes do grupo Al-Shabaab. Segundo a Portas Abertas, em alguns ataques violentos a comunidades cristãs, somente os homens foram mortos.

Quem se opõe a algumas práticas culturais, como a mutilação genital, também enfrenta perseguição. A família é rejeitada pela comunidade porque o homem passa ser considerado “amaldiçoado” ou então não é considerado um “homem de verdade” quando opta pela circuncisão hospitalar.

 

“Permanecendo firme através da tempestade”

Em abril de 2015, militantes do Al-Shabaab, invadiram a Universidade de Garissa, deixando 147 mortos e dezenas de feridos. Segundo relatos, os radicais perguntavam quem eram os cristãos e, em seguida, os matavam. Até hoje, os funcionários que tiveram que recolher os corpos e fazer a limpeza continuam traumatizados.

No ano seguinte, uma equipe da Portas Abertas visitou o local, para levar para aqueles quenianos um pouco de consolo e encorajamento. Um deles, John, que participou de um treinamento chamado “Permanecendo firme através da tempestade”, fez questão de mostrar sua igreja com mais de 200 membros.

“Continuem orando por nós e continuem nos apoiando para que possamos perseverar e continuar a sermos verdadeiros cristãos nessa região”, pediu John. A coragem dos cristãos quenianos, apesar de tantas dificuldades e barreiras que encontram, mantém a fé deles intacta e os transformam em grandes exemplos para a igreja livre de perseguição.

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