Nepal tem mais de 7 mil igrejas, impulsionadas por missionários coreanos

Mesmo enfrentando risco de prisão, 300 famílias missionárias sul-coreanas levam o Evangelho aos nepaleses.

O número de cristãos no Nepal cresceu nos últimos anos. (Foto: Imagem ilustrativa/Wikimedia Commons/Kbrai7).

Uma das comunidades cristãs que mais crescem no mundo está no Nepal, um país de maioria hindu e onde nasceu Buda.

Mesmo com a perseguição de grupos nacionalistas hindus e com a legislação proibindo o evangelismo, o cristianismo cresceu nos últimos anos e hoje já existem 7.758 igrejas na nação do Sudeste Asiático.

A fé cristã foi espalhada no Nepal por missionários sul-coreanos. Impulsionados pelo amor às almas, os coreanos são conhecidos pela persistência e coragem ao levar as Boas Novas aos lugares mais hostis.

De acordo com a Associação Coreana de Missões Mundiais, a Coreia do Sul se tornou uma das nações que mais envia missionários, com mais de 22 mil em campo.

O pastor coreano Pang Chang-in,que está em missão no Nepal há 20 anos junto com sua esposa Lee Jeong-hee, testemunhou o avanço do cristianismo no país.

Pang já supervisionou a plantação de quase 70 igrejas, principalmente no distrito de Dhading, próximo da capital Kathmandu. 

“Em quase todos os vales das montanhas, igrejas estão sendo construídas", afirmou o missionário, em entrevista à BBC News.

Ele explica que a comunidade doa o terreno e as igrejas coreanas enviam doações para a construção dos templos.

Pang Chang-in e Lee Jeong-hee fazem parte de uma grande comunidade de cerca de 300 famílias missionárias sul-coreanas atualmente no Nepal. 

Missionários enfrentam risco de prisão

Os missionários, que entraram no país com visto de trabalho ou estudo, enfrentam risco de prisão e processo judicial por pregarem a Palavra de Deus aos nepaleses.

Apesar da nova constituição de 2015 declarar o país como secular e garantir a liberdade religiosa, é ilegal encorajar conversões religiosas desde 2018, quando uma lei anti-conversão foi promulgada.

"Estamos sempre trabalhando com a ansiedade e o nervosismo que sentimos com a lei anticonversão", confessou Jeong-hee.

"Mas não podemos parar a propagação do Evangelho por causa desse medo. Não vamos parar de salvar almas”.

Os missionários coreanos também estão alcançando aldeias remotas, onde correm menos risco de serem descobertos.

"Nas cidades, a lei anticonversão parece muito mais real. Mas no campo, há menos olhos observando", comentou Pang.

Cristãos nepaleses

Grande parte dos nepaleses que se convertem fazem parte de povos indígenas ou da casta hindu dálit. 

Muitos chegam até Jesus através de milagres e encontram no cristianismo uma chance para escapar da pobreza e da discriminação. "Um milagre acontece e toda a aldeia se converte", relatou o missionário Pang.

Segundo o último censo no Nepal, até 1951 não havia cristãos no país. Em 2011, eles eram quase 376 mil e hoje os seguidores de Cristo já são cerca de 545 mil.

O número de cristãos representa 2% da população. Cerca de 80% são hindus e 9% seguem o budismo.

Lei anticonversão

Os crisãos no Nepal são perseguidos muito antes da promulgação da nova constituição, que apesar de declarar o país como secular, proíbe o evangelismo e protege o hinduísmo, a religião majoritária.  

O Artigo 26 da constituição afirma: "Nenhuma pessoa deve se comportar, agir ou fazer com que outros ajam para perturbar a lei pública e a situação de ordem ou converter uma pessoa de uma religião para outra ou perturbar a religião de outras pessoas tal ato serão punidos por lei”.

Em 2018, o Nepal acrescentou ao seu código penal a penalização de 5 anos de prisão e multa de até 650 dólares para quem for considerado culpado de encorajar conversões religiosas.

Grupos nacionalistas hindus no país estão pedindo a exclusão do termo "secularismo" da constituição, que no contexto do sul da Ásia significa tratamento igual para todas as religiões por parte do Estado. Os nacionalistas alegam que o hinduísmo está sendo extinto, porque mais pessoas podem se converter ao cristiansimo.

O Nepal ocupa a 48° posição na Lista da Perseguição 2022 da Missão Portas Abertas. 

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