'Relógio do Juízo Final' marca 90 segundos para meia-noite, em meio à ameaça nuclear

 De acordo com os cientistas, várias nações colaboraram para o movimento do ponteiro, tais como Rússia, China, Coreia do Norte e Irã.

Atualização do Relógio do Apocalipse. (Foto: Boletim dos Cientistas Atômicos/Jamie Christiani)

Na terça-feira (24), os cientistas atômicos adiantaram o ponteiro do “Relógio do Juízo Final” em 90 segundos para meia-noite — 23:58:30 segundos. Esse é o “horário” mais próximo que a humanidade já chegou do “fim do mundo”.

Quando o relógio foi inaugurado, ele marcava 7 minutos para a meia-noite. No último ano, os ponteiros se moveram devido às ameaças de guerra nuclear, doenças e questões climáticas.

A invasão russa à Ucrânia colaborou muito para esse resultado, reavivando os temores de uma guerra nuclear. Agora a humanidade está 10 segundos mais perto do fim do que esteve nos últimos três anos. Conforme destaca a Reuters, “a meia-noite neste relógio marca o ponto teórico da aniquilação”. 

‘É um risco terrível’

“As ameaças da Rússia de usar armas nucleares lembram ao mundo que a escalada do conflito por acidente, intenção ou erro de cálculo é um risco terrível”,  disse Rachel Bronson, a CEO do Boletim de Cientistas Atômicos.

Segundo ela, o anúncio do boletim será traduzido pela primeira vez do inglês para o ucraniano e o russo, de forma a atrair atenção relevante. O conselho disse que a guerra na Ucrânia também aumentou o risco de que armas biológicas possam ser usadas se o conflito continuar.

“O fluxo contínuo de desinformação sobre laboratórios de armas biológicas na Ucrânia levanta preocupações de que a própria Rússia possa estar pensando em implantar tais armas”, disse Rachel.

Confira a avaliação da ameaça nuclear

A declaração do Boletim de Cientistas Atômicos citou várias razões para o aumento da avaliação da ameaça nuclear, entre eles:

  • A expiração em 2026 do Novo START, o último tratado nuclear entre a Rússia e os Estados Unidos;
  • A considerável expansão da capacidade nuclear da China;
  • A Coreia do Norte aumentou os testes de mísseis intermediários e de longo alcance;
  • O Irã aumentou sua capacidade de enriquecimento de urânio;
  • Índia e Paquistão modernizaram seus arsenais nucleares;
  • Os Estados Unidos, a Rússia e a China estão agora buscando programas completos de modernização de armas nucleares, preparando o terreno para uma nova e perigosa “terceira era nuclear” de competição.

Rabino discorda

Apesar de todos os argumentos dos cientistas que analisaram as ameaças para 2023, o rabino Yosef Berger permaneceu cético em relação ao relatório.

“Os cientistas estão tentando descobrir sobre o que os sábios e a Torá já escreveram. Eles estão entendendo tudo errado, achando que têm o poder de destruir o mundo e o poder de impedir que o fim do mundo chegue. Eles não têm nenhum dos dois”, disse conforme o Israel 365 News.

Berger, cuja família se orgulha de ser descendente do rei Davi, é membro do nascente Sinédrio, uma tentativa de restabelecer a corte biblicamente mandatada de 71 anciãos.

“Deus criou o mundo e trará o Messias em seu devido tempo”, destacou o rabino ao citar o Talmud que contém descrições detalhadas das condições que precedem o fim dos dias. Ele também lembrou que “o Shemitá terminou em Rosh Hashaná há alguns meses”.

“A Torá diz que no sexto ano do Shemitá (ciclo sabático) vozes gritarão para avisar que o Messias está chegando”, disse o rabino que segue as tradições judaicas e que não acredita que Jesus já veio ao mundo. Mas ele concorda com os cristãos de que haverá sinais na Terra antes da revelação do Messias. 

Sobre o “Relógio do Juízo Final”

O famoso “Relógio do Apocalipse”, como também é conhecido, é um dispositivo simbólico que utiliza uma analogia onde a humanidade está “a alguns minutos da meia-noite”. A meia-noite, no caso, representa a destruição por uma guerra nuclear. 

A primeira representação do relógio foi produzida em 1947. O número de minutos para a meia-noite, uma medida do nível nuclear, de aparelhamento e tecnologias envolvidas, é atualizado periodicamente.

O relógio foi iniciado em sete minutos para a meia-noite durante a Guerra Fria em 1947, e tem sido posteriormente avançado ou retrocedido em intervalos regulares, dependendo do estado mundial e da perspectiva de uma guerra nuclear.

As ameaças apocalípticas refletidas pelo relógio incluem política, armas, tecnologia, mudança climática e pandemias. O ajuste é relativamente arbitrário, feito pelo Conselho de Cientistas da organização, junto à diretoria do Boletim de Cientistas Atômicos em resposta aos acontecimentos mundiais. 

Outros especialistas em tecnologia nuclear e ciência climática também participam das decisões, incluindo 13 ganhadores do Prêmio Nobel, que discutem eventos mundiais e determinam onde colocar os ponteiros do relógio a cada ano.

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