Luta judicial pela liberdade de crianças cristãs dura seis anos

Governo nigeriano levou 27 crianças de orfanato em 2019, oito ainda permanecem sob custódia

Nigéria segue como um dos países mais perigosos para crianças (foto representativa)

Uma luta judicial se estende desde 2019 na Nigéria. No Natal daquele ano, a polícia invadiu um orfanato administrado por cristãos e removeu 27 crianças, que ficaram sob custódia do governo. Os fundadores do orfanato, Solomon Tarfa e sua esposa, Mercy Tarfa, foram acusados de administrar ilegalmente um abrigo infantil. 

As acusações não tinham base legal. A defesa provou que o orfanato operava legalmente há décadas, cumprindo todos os requisitos. Depois de quase um ano na cadeia, Solomon foi solto, mas as autoridades o acusaram de forjar um certificado de registro. Em uma decisão que surpreendeu a todos, o cristão foi condenado a dois anos de prisão.  

Conforme a família Tarfa lutava nos tribunais, pouco a pouco, algumas das crianças sob custódia do governo foram liberadas. Nessas ocasiões, detalhes sobre as condições de vida dessas crianças sob responsabilidade do Estado foram reveladas. 

Os menores tiveram problemas de saúde, incluindo uma menina que sofreu queimaduras devido a um incêndio em um dos locais precários onde as crianças eram mantidas. Há casos de desnutrição, troca forçada de nomes, interrupção dos estudos e tentativas de conversão. 

Em 2021, as Nações Unidas pediram a soltura de Solomon Tarfa e de todas as 16 crianças que ainda estavam sob custódia do governo. Apenas em agosto de 2025, oito crianças foram liberadas após uma das meninas apresentar desgaste mental e problemas psicológicos. 

O caso chamou a atenção de alguns membros do governo do estado de Kano, que declararam seu apoio à família Tarfa e pediram para que as oito crianças que ainda permanecem sob custódia do governo sejam devolvidas aos cuidados do orfanato.  

O que dizem os jovens? 

Hoje, anos após o início do caso, alguns dos jovens (que eram crianças na época) decidiram contar suas histórias. É o caso de Gabriella, agora com 22 anos de idade. “Os agentes do governo disseram que estavam nos resgatando, mas eles estavam nos sequestrando. Eles nos levaram para outro orfanato e nos tratavam como criminosos, mas nosso único crime foi sermos educados por um homem acusado falsamente”, diz a jovem. 

O irmão adotivo de Gabriella, Joseph, descreve as tentativas de conversão ao islã sofridas pelos menores.

Apesar de a Constituição nigeriana prever a proteção de menores, os jovens da Nigéria permanecem como alguns dos mais vulneráveis do mundo. Sequestros em massa por extremistas, detenções por forças de segurança, punições agressivas, tráfico infantil e trabalho forçado estão por todo o país, fazendo da Nigéria um dos países mais perigosos para crianças. 

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