Apenas livros cristãos cresceram em vendas nos últimos 14 anos no Brasil, diz pesquisa

 O levantamento tem como base uma amostra de editoras, correspondente a 61% do mercado brasileiro.

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, na edição de 2016, relatou que houve um aumento de leitores. (Foto: Reprodução / iStock)

Somente o segmento de livros religiosos apresentou resultado positivo no Brasil nos últimos 14 anos. Ainda assim, o desempenho foi pequeno: entre 2006 e 2019, suas vendas aumentaram 2%. O dado faz parte da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, cuja atualização da série histórica foi divulgada recentemente, incluindo as informações do último ano.

O estudo é feito pela empresa de pesquisas de mercado Nielsen Book, com coordenação da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). O levantamento tem como base uma amostra de editoras, correspondente a 61% do mercado brasileiro. Para comparação entre si, os números foram corrigidos conforme o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

A porcentagem não é grande, mas alguns autores nacionais dentro do segmento cristão notaram uma diferença nas vendas, por outro lado, editores de livros literários também sentem uma desproporção em relação aos títulos do catálogo editorial.

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, na edição de 2016, relatou que houve um aumento de leitores e que a Bíblia é o gênero mais lido no país, resultando em 42% dos leitores, enquanto obras, contos e romances ocupam, individualmente, 22% dos índices.

Literatura cristã em alta

Se beneficiando dos dados e acreditando na eficácia deles, a autora Larissa Pessoa se manifestou defendendo os índices: “Muitos dizem que esses números são quantitativos, mas não qualitativos, porém eu penso diferente. Qualidade e aprendizados são individuais, cada um sabe o que ganha com a leitura de um livro, seja cristão ou não.”.

A maceioense é autora de “Se não fosse o seu amor”, lançado em 2019, e no momento está trabalhando no processo editorial de “Amor perfeito”, a sequência da história. A filha de Larissa Pessoa, Sara Avelino, está seguindo os mesmos passos da mãe e no momento trabalha na edição do seu livro de estreia, um enredo infantil cristão.

Por outro lado, a publisher do Grupo Editorial Coerência, Lilian Vaccaro, se posicionou em defesa dos outros segmentos do mercado editorial: “Títulos de ficção e não ficção acabam ficando para trás quando o assunto é religião, no entanto, num país onde a leitura não é incentivada pelo governo, o importante é preservar o hábito.”

Queda a partir de 2014

Olhando o setor editorial como um todo, o faturamento caiu 20% no país nesses 14 anos, ainda que o resultado de 2019, um crescimento de 6%, tenha entrado na série histórica para melhorar o retrato. Se as vendas de livros para o governo forem tiradas do cálculo, a queda vai para 29%.

Ao avaliar a crise, os pesquisadores observam que o período de 2006 a 2019 mostra duas fases com características diferentes. Na fase 2006-2014 via-se uma estagnação, 0,1% de crescimento total do mercado. Já na fase 2014-2019 vem a queda de 20%. Segundo o levantamento, o ano mais dramático foi 2015.

O segmento com mais queda, de 41% na venda ao mercado, foi o de livros científicos, técnicos e profissionais (chamado de CTP na pesquisa). Estão nesse grupo produtos, por exemplo, usados em universidades. Considerando as vendas feitas ao governo, o declínio foi ligeiramente menor, de 38%. Essas obras são geralmente mais caras que as de outros tipos e enfrentam também as mudanças tecnológicas por que passa a educação. O faturamento com CTP subiu no começou do período, com crescimento de 17% de 2006 a 2014, época com maiores investimentos no Ensino Superior. Despencou, porém, 50% depois, de 2014 a 2019.

Entre as obras gerais, grupo em que estão os títulos literários, a queda nas vendas totais foi de 34%. Levando em consideração apenas as vendas ao mercado (sem as compras do governo), foi de 37%.

Já para os livros didáticos, as vendas caíram 8% no geral durante esse 14 anos. Excluindo da conta o governo, que é responsável por cerca de 50% do resultado nesse segmento, o encolhimento foi de 23%.

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